Economia

Novo presidente diz que quer “fortalecer a Usiminas”

5 Min leitura

Sob fogo cruzado, com o acirramento do conflito entre os principais acionistas da Usiminas – o grupo japonês Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation e a ítalo-argentina Ternium/Techint –, o novo presidente da siderúrgica mineira, o engenheiro metalurgista Sérgio Leite, tenta blindar sua gestão, que completou ontem 44 dias, e o clima entre os empregados nas áreas operacionais e administrativa. “Aqui dentro, são todos Usiminas”, tem repetido o executivo, empenhado mais de 12 horas por dia na conclusão do programa de reestruturação financeira em curso e em novos ajustes de custos e receitas. Desde a eleição dele, em 25 de maio, questionada na Justiça pela Nippon, o executivo partiu para a ação, mobilizando as equipes, de assessores próximos a operadores do chão de fábrica, em busca de soluções para melhorar a performance da siderúrgica. Nesta semana, a Nippon sugeriu, por meio de informe publicitário publicado em jornais, que Sérgio Leite estaria agindo “sob a orientação da Ternium”, o que ele rebateu em nota. “Respeito a posição dos acionistas. Agora, recebi do Conselho de Administração, órgão máximo da empresa, a missão de liderar a equipe para buscar resultados. Meu papel é fortalecer a Usiminas como ela é hoje”, diz o presidente da siderúrgica, nesta entrevista ao Estado de Minas. Depois de pedir apoio aos sócios argentinos, num encontro em Buenos Aires, no fim do mês passado, Sérgio Leite se reunirá nos dias 19 e 20 no Japão com a direção da Nippon, da Sumitomo e da Metal One. A próxima parada será já para tentar mostrar ganhos de caixa e redução de custos. Veja os principais trechos da entrevista.

 

À PROCURA DE APOIO Logo que assumi, fiz reuniões com todos os públicos da empresa e as comunidades em torno das fábricas, além dos representantes no Brasil dos sócios, com quem tenho uma relação de décadas. Pedi o apoio deles e a principal mensagem que eu transmiti é de que precisamos voltar a sonhar. A Usiminas é fruto de um sonho de construir em Minas Gerais uma grande usina siderúrgica. Não falo mais de crise e de problemas, eu busco caminhos, projetos e soluções e onde vou tenho pedido apoio para que possamos reerguer a Usiminas. A empresa vem de uma situação delicada, que é pública, está nos nossos balanços. O foco é a revitalização. No fim do mês passado, estive com a direção do grupo Techint, em Buenos Aires, e tenho encontro marcado nos dias 19 e 20, no Japão, com a alta direção da Nippon Steel, da Sumitomo, que é sócia na Mineração Usiminas, e com a Metal One, do grupo Mitsubishi, que é sócia na Soluções Usiminas.

OS PROBLEMAS Se nós observamos o balanço da Usiminas referente ao período terminado em 31 de março, vamos perceber que a empresa ainda tem dois grandes problemas. O primeiro é a falta de liquidez, com um caixa totalmente inadequado ao porte da companhia e o segundo é que a companhia não vinha gerando resultado (o Ebitda – lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciações – caiu 86,4% no primeiro trimestre de 2016, para R$ 51,6 milhões). A dificuldade de liquidez está sendo atacada desde março, mediante a renegociação da dívida com os bancos e o aumento de capital de R$ 1 bilhão. A capitalização, praticamente concluída, será levada para aprovação em Assembleia Geral Extraordinária dia 19.

CORTE DE PESSOAL E REORGANIZAÇÃO INTERNA Gerar resultados é a principal meta. Trabalhamos intensamente nisso e criamos o que chamamos de grupo dos 10, formado por profissionais experientes e de elevada competência de todas as áreas da empresa que assessora a diretoria. O grupo é formado por funcionários de carreira, os expatriados da Nippon e da Ternium trabalhando de forma coesa e integrada. Eles nos apresentam propostas para melhorar os resultados. Entre cinco linhas de ação aprovadas, já havia sido mudado o modelo de trabalho na unidade de Cubatão (SP), que passou por um forte ajuste e nosso projeto agora é que a unidade comece a se tornar sustentável ainda neste ano. O segundo projeto é a otimização e redução de custos da usina de Ipatinga, que tem potencial de maior geração de resultados, está no estado da arte em tecnologia no mundo e precisa voltar a ser referência no Brasil. Um terceiro programa visa à reestruturação organizacional da empresa. Temos de reduzir o número de posições gerenciais para adaptar a Usiminas à realidade dos negócios. Essa estrutura, hoje, existe para gerir uma capacidade de produção de 9 milhões e meio de toneladas por ano e o ritmo da companhia é inferior a 4 milhões de toneladas anuais. Será uma redução da ordem de 20% a 30% da folha de pagamentos dos níveis gerenciais. Por último, estamos revendo todos contratos com nossos fornecedores para verificar como podemos obter ganhos. Do lado da receita, em primeiro de junho elevamos o preço do aço em 10% para a rede de distribuição e agora estamos negociando o reajuste com os clientes da indústria de transformação. Os contratos com a indústria automotiva são anuais.

O CONFLITO ENTRE S ACIONISTAS Dentro da empresa temos profissionais da Usiminas que são expatriados da Nippon Steel e da Ternium e que trabalham em harmonia, engajados no projeto de reerguer a empresa. Há cooperação total e engajamento dos funcionários. Não temos alternativa. Aqui dentro, são todos Usiminas. Evidentemente que todo esse clima existente externo à empresa pode causar preocupação em maior ou menor grau entre os funcionários. No entanto, eles percebem que nós estamos avançando nos objetivos. Trabalhamos uma espécie de blindagem frente a essa disputa dos sócios. Primeiramente, respeito cem por cento dos nossos acionistas e tenho com os dois sócios controladores uma relação de décadas. Farei tudo o que puder para que se encontre uma solução que seja a melhor para a Usiminas e para a Nippon e a Techint. Se for o desejo deles, posso ser um facilitador. Respeito a posição dos acionistas (a Nippon questiona a eleição dele, com a tese de que a escolha contraria o acordo de acionistas e a Lei das S/A por não ter havido consenso em torno do seu nome para substituir o presidente anterior, Rômel Erwin de Souza). Agora, recebi do Conselho de Administração da empresa, órgão máximo, a missão de liderar a equipe para buscar resultados. Meu papel é fortalecer a Usiminas como ela é hoje.

REESTRUTURAÇÃO FINANCEIRA Concluímos a renegociação da dívida da empresa iniciada em março (de R$ 7,5 bilhões ao todo, com vencimentos até 2018) com os bancos brasileiros – Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e BNDES. Agora estamos no processo de preparação dos documentos relativos à operação. Renegociamos 75% da dívida, em condições que permitirão à Usiminas honrar seus compromissos com 10 anos de prazo para pagamento, sendo três anos de carência. Os outros 25% se referem a compromissos com o banco japonês JBIC e aos bonds (títulos de crédito) lançados em 2008 pela companhia. Esta última etapa, conforme já previsto em cronograma anterior, deverá ser concluída nas próximas semanas.

REAÇÃO DA ECONOMIA No nosso planejamento de vendas e operações, temos uma visão muito precisa dos próximos quatro meses. Podemos afirmar que a demanda parou de cair, depois de quase um ano e meio a dois de quedas sucessivas, e já há sinais tênues de uma provável recuperação a partir do início do ano que vem.

Relacionados
BrasilEconomia

XTAGE inicia operação com negociação de Bitcoin e Ether

2 Min leitura
A XTAGE, nova plataforma de negociação de ativos digitais criada pela XP Inc. com base em tecnologia da Nasdaq, (Nasdaq: NDAQ), empresa…
BrasilEconomiaGeralNotícias

Restituição do IR: como investir os valores para gerar rendimentos adicionais

2 Min leitura
Jéssica Oliveira- Gerente Regional MG da XP Inc.- Crédito: Divulgação.   Especialista da XP dá dicas de como utilizar os valores de…
EconomiaNotícias

Projeto Líderes que Inspiram tem programação voltada às mulheres

1 Min leitura
Crédito | Imagem: divulgação. Criado em 2020, o Projeto Líderes que Inspiram, do INW (Instituto Nelson Wilians) em parceria com o NWADV…
Power your team with InHype
[mc4wp_form id="17"]

Add some text to explain benefits of subscripton on your services.