Geraldo Félix Júnior
Sim, estamos em pleno terceiro milênio, no século vinte e um e especificamente no ano de 2017, e até hoje somos obrigados a ler e ver a repercussão de casos envolvendo discriminação e racismo através das redes sociais, que são o mecanismo mais rápido e eficaz para se ‘ofender’ alguém de modo sorrateiro.
Episódios de racismo são recorrentes no Brasil – alguns vêm à tona, mas a grande maioria não. O caso mais recente aconteceu com Franciele Fernanda, de quatorze anos, candidata do The Voice Kids, emocionou o público do programa ao cantar “Maria Maria” de Milton Nascimento, que inclusive usou as redes sociais para elogiar o desempenho da menina. No entanto, em resposta ao comentário de Milton, um internauta reagiu de forma racista ao criticar Franciele.
O mesmo aconteceu com a pequena Titi, filha adotiva de Bruno Gagliasso e Giovana Ewbank, que, assim como a mãe de Franciele, registraram queixa na delegacia de repressão aos crimes cibernéticos por causa dos comentários racistas.
Na novela Malhação, o tema racismo também foi abordado. Junior, personagem de Matheus Dias, está sendo alvo de preconceito. O personagem sofre racismo ao dar aulas de vôlei na trama. Isso aconteceu porque a mãe de um de seus alunos, interpretada por Barbara Paz, se sentiu incomodada ao ver um professor negro instruindo o seu filho.
”As pessoas das ruas ficaram com raiva da personagem Stella (Bárbara Paz), segundo comentários no Facebook e no Twitter. O público ficou tão revoltado que chegou a pedir para tirar a personagem do ar, em defesa do Júnior e Joana. A frase que o personagem falou que mais repercurtiu foi: ‘Talvez a metade do mundo que ela conheça, não tenha negros'”, revela o ator Matheus Dias.
“Essas cenas são feitas para conscientizar as pessoas. Recebi essas cenas na mesma semana em que falei sobre racismo na prova do Enem. É muito bom abordar este assunto, pois o racismo ainda é muito presente. Fico feliz por ser reconhecido pelo público por este papel. Fiquei comovido ao ler no Twitter as pessoas comentando que choravamassistindo as cenas e me elogiando. Infelizmente existem muitas pessoas que pensam de forma preconceituosa. O Júnior foi irônico quando disse isso, pois a Joana (Aline Dias) falava que Stella era uma mulher rica, viajada, portanto ela não tinha a capacidade de compreender que um professor negro poderia ensinar o filho dela igual a um branco. Mas a minha cor, a cor do Junior e de tantos outros não define o caráter. Infelizmente Stella não aprendeu a conviver com pessoas diferentes dela”, revela o mineiro de 17 anos sobre a trajetória de seu personagem.