Em uma parceria inédita entre o Boulevard Shopping e a Startup BeGreen, a capital mineira receberá sua primeira Fazenda Urbana – um espaço no próprio Boulevard para a produção de hortaliças sem agrotóxicos (orgânica) com um sistema inovador de cultivo em consórcio com a criação de peixes. Só existem oito unidades deste tipo no mundo.
O novo projeto, que tem previsão de inaugurar na segunda quinzena de março, funcionará na área externa do shopping e trará todo um conceito alicerçado na sustentabilidade. No espaço haverá utilização de composto proveniente do lixo orgânico da Praça de Alimentação do Boulevard como substrato para o crescimento das verduras; e redução de consumo de água com captação da chuva. Além disso, não haverá emissão de CO², pois além da autossuficiência elétrica do projeto, o consumidor final irá adquirir os produtos da fazenda in loco, sem serviços de logísticas e entrega.
A Fazenda Urbana sediada no Boulevard irá ocupar uma área de 2.700 m², com uma estufa de 1.500 m² e capacidade para produzir até 50 mil pés de alfaces baby e ervas por mês. Além da estufa, o espaço contemplará a loja Casa Horta, para a venda dos produtos cultivados e de produtores locais; A Casa Amora, restaurante conceito ‘farm to table’ (da fazenda para a mesa) com pratos que utilizem as hortaliças e legumes orgânicos e da produção local; e um espaço de convivência com mesas, deck e palco para realizações de eventos relacionados à vida mais saudável e à conscientização da nova agricultura.
A Fazenda Urbana BeGreen Boulevard
O projeto ainda contempla várias ações integradas, como a realização de ações de conscientização de crianças e jovens de escolas públicas e privadas, e eventos e treinamentos de produção sustentável que pretendem atingir pelo menos 1 milhão de pessoas por ano. “Os visitantes terão a oportunidade de fazer visitas guiadas, comprar os produtos cultivados na fazenda e até consumi-los na hora.”, conta Paulo Ceratti, gerente de marketing do Boulevard.
“Nosso principal objetivo é demonstrar que é possível ser sustentável e produtivo gerando mais empregos, menos lixo e sem prejudicar o meio ambiente. É um projeto inovador, que segue um movimento global que aproxima a produção do consumidor final.”, explica um dos idealizadores do projeto, Giuliano Bitencourt.
Outros produtores locais poderão vender seus produtos agroecológicos na loja Casa Horta. “A intenção é que aconteça um comércio justo para os produtores e clientes que procuram por alimentos saudáveis, frescos e locais.”, acrescenta Paulo.
A sustentabilidade também fez parte da construção do espaço. O projeto primou por utilizar o mínimo de novos produtos, tendo como norte a reutilização de materiais. Para isso, toda a obra será feita de containers que virariam sucata; as mesas e cadeiras do espaço terão como matéria prima a madeira plástica, que sofre um processo de transformação do plástico jogado fora; e todo o piso será feito com material de rejeito de mineração.
Por que uma fazenda urbana?
A motivação original deste projeto se deve ao fato que atualmente 80% de todo produto fresco cultivado no Brasil é desperdiçado e acaba tendo como destino o lixo. Estes são dados da FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.
Tamanho desperdício tem origem na estrutura da cadeia de suprimentos agrícolas brasileira, que faz com que os alimentos colhidos frescos só cheguem à mesa do consumidor com no mínimo dois dias de colhidos. Além disso, o excesso de transporte e baldeações entre os diversos elos da cadeia aumenta ainda mais o desperdício. Esta complexa cadeia de suprimentos além de prejudicar a qualidade do produto final, também impacta no valor total pago pelo consumidor.
Um exemplo disso é a trajetória de uma alface até chegar ao prato do consumidor final. Cultivada em uma grande fazenda, a alface é colhida e armazenada de forma incorreta para então ser transportada por centenas de quilômetros em um caminhão, no qual outros pés ficam pelo caminho, até chegar a um centro de distribuição (CEASA). Só então ela será entregue a uma feira ou supermercado e ficar à disposição do cliente final. E se a alface tivesse sido cultivada bem ao lado da casa deste consumidor? Esta é a proposta da Begreen e do Boulevard: uma fazenda bem perto do consumidor final, sem intermediários, sem transporte, com um produto retirado direto do cultivo para a mesa.
A ideia de se criar este projeto surgiu quando Giuliano Bitencourt, um dos empreendedores, voltou do MIT em 2014 apaixonado pela ideia de poder cultivar dentro das grandes cidades. Para criar a BeGreen, convidou seu sócio Pedro Graziano, com uma trajetória profissional no ramo tecnológico, para se juntar ao projeto.
Por meio do uso de tecnologia inovadora, a parceria entre o Boulevard e a BeGreen torna capaz de produzir de forma automatizada produtos agrícolas frescos e sem agrotóxicos. Tudo isso dentro de centros urbanos, com produtividade superior por metro quadrado, consumo reduzido de água e sem intermediários na distribuição dos alimentos.
As fazendas urbanas parecem ser tendência no mundo. Recentemente, um shopping em Israel também inaugurou uma em sua cobertura (veja aqui) e no Brasil, o Shopping Eldorado, em São Paulo, também foi pioneiro em suas ações e abriga uma horta e um sistema de compostagem em sua cobertura desde 2012. (veja aqui)
Fonte: Ciclo Vivo