*ANA PAULA PEDROSA
O aumento do preço da energia elétrica, que pode chegar a 40% neste ano, deve colocar o Brasil como o terceiro país com o custo mais alto entre um grupo de 27 países industrializados. O país encerrou 2014 na oitava posição do ranking, de acordo com levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). No fim do ano, o custo médio do MWh era de R$ 342,7. A entidade previa uma alta de 17% para este ano, mais o custo das bandeiras tarifárias, o que elevaria o valor a R$ 420,2. Com a decisão de que o Tesouro não vai mais bancar a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), o novo valor deve chegar a R$ 479,8, atrás apenas dos valores cobrados na Índia e na Itália.
Segundo Lincoln Gonçalves, presidente do Conselho de Política Econômica da Fiemg, é inevitável a indústria repassar o aumento da energia para o consumidor final.
O estudo da Firjan diz que “a situação do Brasil mediante o cenário internacional hoje já é preocupante, e a perspectiva da evolução futura do custo da energia elétrica implica em perda de competitividade para as indústrias nacionais”. A entidade diz que o país precisa buscar a redução do preço da energia. No curto prazo, a alternativa seria cortar impostos, como o ICMS e o PIS/Cofins. No longo prazo, a saída seria diversificar a matriz energética.
A Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia (Abrace) diz que o aumento vai prejudicar a competitividade da indústria nacional. “Para assegurar a manutenção desse objetivo (competitividade da indústria nacional), entendemos que o mais adequado seria isentar a indústria do encargo, seguindo o exemplo de diversos países que consideram a energia um instrumento de política industrial”, diz o presidente da Abrace, Paulo Pedrosa.
Inflação. Esse aumento de até 40% tem uma causa de fatores, como o aumento do custo de geração causado pela seca – e que levou à adoção das bandeiras tarifárias – até o pagamento de financiamentos feitos nos últimos anos e o fim do subsídio do governo à CDE.
Bandeiras
Janeiro. Somente neste mês, o custo da energia já subiu 11,5% para a indústria, segundo a Firjan. O valor médio do MWh atingiu R$ 402,26, considerando o novo sistema e um aumento de 0,9% autorizado para a Eletropaulo (SP).