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Dólar atinge R$ 3,44, menor cotação em 9 meses

Sinais de que os juros americanos não deverão ser elevados tão cedo derrubaram o dólar globalmente nesta sexta-feira (29). No mercado de câmbio doméstico, mesmo com a atuação do Banco Central, a moeda americana terminou no patamar de R$ 3,44, o menor em nove meses.

O dólar comercial perdeu 1,68%, a R$ 3,4400, nível mais baixo desde 31 de julho de 2015 (R$ 3,4250). A queda acumulada no mês foi de 4,36% e, no ano, de 12,9%.

A moeda americana à vista fechou em baixa de 0,86%, a R$ 3,4525, no menor patamar desde 3 de agosto do ano passado (R$ 3,4523). No mês, recuou 3,12% e, no ano, 12,8%.

Pela primeira vez na semana, o BC realizou leilões de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de dólares pela autoridade monetária, totalizando cerca de US$ 1,63 bilhão (32.600 contratos). A operação, no entanto, foi insuficiente para segurar a forte valorização do real.

Para Hideaki Ilha, operador de câmbio da Fair Corretora, o BC errou ao ter deixado o dólar chegar abaixo de R$ 3,50 para voltar a ofertar contratos de swap cambial reverso. “Isso facilitou a vida de quem está vendido em dólar, e agora fica mais difícil conter a queda da moeda”, diz Ilha.

O operador avalia que a queda do dólar é provocada por fatores externos, mas que o cenário político também favorece a apreciação do real. “Há um otimismo no mercado em relação a como o provável novo governo está sendo desenhado pelo vice-presidente Michel Temer, afirma.

Com as operações desta sexta-feira, a posição vendida em dólar do BC (estoque de swap cambial tradicional) está em cerca de US$ 69 bilhões, o nível mais baixo desde dezembro de 2013.

“O BC tem aproveitado esse momento de baixa do dólar para reduzir sua posição vendida, o que é benéfico para o resultado fiscal do governo”, destaca Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor.

A autoridade monetária também fez nesta sexta-feira a rolagem de até US$ 2 bilhões de uma linha de crédito de US$ 4 bilhões com compromisso de recompra que vence no começo de maio.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,640% para 13,600%. O DI para janeiro de 2021 recuou de 12,700% para 12,410%, no nível mais baixo desde 21 de julho do ano passado (12,350%).

Segundo analistas, a queda nos juros futuros reflete a baixa do dólar, as expectativas de desaceleração da inflação e as perspectivas sobre um novo governo.

Bolsa

O Ibovespa ensaiou uma recuperação pela manhã, sustentado pelas ações da Vale e Petrobras, que se beneficiavam da alta do minério de ferro e do petróleo, respectivamente.

No entanto, os preços do petróleo passaram a cair com informações sobre produção recorde em países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

O principal índice da Bolsa paulista fechou a sessão desta sexta-feira em baixa de 0,74%, aos 53.910,51 pontos. O giro financeiro somou R$ 9 bilhões. Em abril, o índice acumulou ganho de 7,70% e, no ano, de 24,36%.

Foi o terceiro mês consecutivo de alta do Ibovespa, impulsionado principalmente pelas apostas de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

As ações preferenciais da Petrobras fecharam estáveis a R$ 10,23, mas as ordinárias perderam 2,21%, a R$ 13,27.

Ao final do dia, o petróleo reduziu a queda. Em Londres, o petróleo Brent caía 0,02%, a US$ 48,13 o barril; em Nova York, o petróleo WTI perdia 0,15%, a US$ 45,96.

As ações PNA da Vale avançaram 1,22%, a R$ 15,74, mas as ON recuaram 0,50%, a R$ 19,69. O minério de ferro negociado em Qingdao, na China, subiu 5,31% nesta sexta-feira, para US$ 66,24 a tonelada.

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdeu 1,49%; Bradesco PN, -1,22%; Banco do Brasil ON, +1,65%; Santander unit, +2,54%; e BM&FBovespa ON, -4,50%.

As ações da Embraer recuaram 3,87%, a R$ 20,57, após a divulgação do balanço do primeiro trimestre, que apontou recuo nas margens.

Exterior

Assim como na quinta-feira (27), o dólar caiu globalmente, com a perspectiva de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) não aumentará logo os juros americanos.

O crescimento do PIB americano do primeiro trimestre menor que o esperado, anunciado na quinta-feira (28), e dados fracos de gastos do consumidor americano em março, divulgados nesta sexta-feira, aumentaram essa percepção.

Os temores de desaceleração da economia global foram renovados, com a falta de novos estímulos monetários no Japão e números apontando deflação na Europa.

As Bolsas recuaram também motivadas por resultados corporativos ruins. “Não só alguns balanços do primeiro trimestre têm vindo fracos, mas as projeções dessas companhias para o restante do ano também não são nada animadoras”, comenta o analista Vitor Suzaki, da Lerosa Investimentos.

Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones fechou em baixa de 0,32%; o S&P 500, -0,51% e o Nasdaq, -0,62%.

Na Europa, todas as principais Bolsas terminaram a sessão no terreno negativo: Londres (-1,27%); Paris (-2,82%); Frankfurt (-2,73%); Madri (-2,62%); e Milão (-1,98%).

Na Ásia, a maioria dos índices fechou em baixa, com o iene avançando ante o dólar para a máxima em 18 meses após o banco central do Japão não ter anunciado nesta quinta-feira (28) novas medidas para estimular a economia japonesa.

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