Conta de luz pesou; em julho, o IPCA foi de 0,01%, o menor desde 2010.
No acumulado de 12 meses, índice fica em 6,51%, acima do teto da meta
A inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acelerou para 0,25% em agosto, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em julho, ela havia ficado em 0,01%, a menor taxa desde 2010.
“Em média, a gente pode dizer que os preços ficaram estáveis”, diz Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de índices de preços do IBGE. “Os alimentos continuaram caindo. E a maior alta ficou em habitação. Transportes foram as principais despesas responsáveis pelo índice do mês.”
No acumulado de 12 meses até agosto, houve alta de 6,51%. O resultado é pouco acima do teto da meta da inflação, que é de 6,5%. Mas, para o Banco Central, ela só é descumprida com base no acumulado em 12 meses até dezembro de cada ano. Na parcial de janeiro a agosto deste ano, o IPCA acumula 4,02%.
A meta central é 4,5%, mas há tolerância de dois pontos percentuais, e a inflação pode ficar entre 2,5% e 6,5% no fechamento do ano (entre janeiro e dezembro). Os limites valem para 2014, 2015 e 2016.
Reajuste na conta de luz pesa
Analisando os grupos de despesas que integram o cálculo do IPCA, o de habitação foi o mais elevado em agosto, com 0,94% de alta nos preços.
Isso ocorreu, sobretudo, em função de reajustes na conta de luz em Belém, Vitória, São Paulo e Brasília. Também houve alta em Goiânia e Campo Grande, devido ao aumento de tributos. Assim, os preços da energia elétrica subiram 1,76% em relação a agosto.
Água e esgoto aumentaram 1,46%, também devido a reajustes que começaram a valer no mês passado. Em São Paulo, a alta de 3,24% levou em conta a menor intensidade do efeito do Programa de Incentivo à Redução de Consumo de Água, que bonifica com 30% de redução nas contas de água e esgoto usuários que reduzirem em 20% o consumo mensal.
Ainda em habitação, o IBGE destaca as variações em condomínio (1,35%), artigos de limpeza (1,31%), aluguel (0,66%) e mão de obra para pequenos reparos (0,66%).
Passagens aéreas sobem
O grupo de transporte foi o que mais acelerou em relação a julho, saindo de uma queda de 0,98% para alta de 0,33%.
O principal impacto foi das passagens aéreas, que tiveram aumento de 10,16%, enquanto, em julho, haviam registrado baixa de 26,86%.
Além disso, itens em queda no mês anterior reverteram para alta em agosto, entre eles gasolina (de -0,80% para 0,30%) e automóvel novo (de -0,29% para 0,22%).
Empregado doméstico em alta
No grupo de despesas pessoais, o item empregado doméstico teve alta de 1,26%, com destaque para a região metropolitana do Rio de Janeiro, onde a variação atingiu 3,02%. A seguir, vieram São Paulo (1,29%), Recife (1,02%) e Belo Horizonte (0,91%).
Mesmo com a alta dos empregados, o grupo das despesas pessoais ficou em 0,09%, menor do que a taxa de 0,12% do mês anterior. Segundo o IBGE, isto ocorreu em função, principalmente, da queda de 10,13% nas diárias dos hotéis.
Alimentação em queda
“A maioria das regiões pesquisadas apresentou queda nos alimentos. Isso não é percebido pelas pessoas porque os preços já estavam relativamente altos”, diz a coordenadora de índices de preços do IBGE.
Segundo Eulina, os alimentos consumidos em casa caíram mais. As principais quedas foram batata inglesa, tomate, feijão e farinho de trigo, por causa de safra. “Houve aumento de 2,36% na colheita de grãos, foram 193 milhões de toneladas”, destaca.
Leite e carne tiveram aumento de preço.
Por capitais
Dentre os índices regionais, as maiores variações na inflação de julho para agosto ocorreram em Belém (0,98%) e Vitória (0,91%). Em ambas as capitais, o impacto maior foi do reajuste da conta de luz. Os menores índices foram os de Campo Grande (-0,07%) e Belo Horizonte (-0,02%).
INPC varia 0,18%
Enquanto o IPCA é referência para as famílias com rendimento até 40 salários mínimos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mede a inflação para as famílias que ganham até cinco salários mínimos. Esse índice ficou em 0,18% em agosto, acima do resultado de 0,13% de julho.
No ano, a taxa está em 4,11% e, em 12 meses, em 6,35%. Em agosto de 2013, o INPC havia sido 0,16%.
No mês passado, os produtos alimentícios apresentaram queda de 0,20%, enquanto os não alimentícios tiveram alta de 0,35%.