Gastronomia

Bebida maranhense desembarca em Minas: Jesus

3 Min leitura

No Maranhão ele já é rei. Mas espalhar a majestade Brasil afora é a intenção do guaraná Jesus que, finalmente, chega aos supermercados de Minas Gerais. De sabor doce e coloração rosada, o refrigerante é produzido desde a década de 20, mas somente era comercializado em larga escala em alguns estados do Nordeste.

Com posicionamento de marca ‘premium’, o preço sugerido para a lata de 350ml é um pouco salgado: R$ 4,65. O que se sabe é que mais gente já ouviu falar no folclórico refrigerante do que o experimentou. Então, esta é a oportunidade. Estabelecimentos de São Paulo e Paraná também começam a vender ‘Jesus’.

Regional da Coca-Cola
Ícone da cultura maranhense, a bebida com traços de cravo e canela foi comprada pela Coca-Cola em 2001. Coca-Cola e Jesus, aliás, travam uma batalha pelo primeiro lugar em comercialização no Maranhão.

Apesar da venda para a companhia internacional, a expansão para outros mercados é gradual. “Hoje, mesmo sendo ainda um produto regional, o Guaraná Jesus é adorado por consumidores do Brasil inteiro. Em Minas Gerais, isso não é diferente”, afirma o gerente de Marketing da Coca-Cola Femsa Brasil, George Leite.

Comprado pela Coca-Cola

Tornou-se praticamente um símbolo cultural do estado. Ele deu origem a um subsegmento, o guaraná rosado, comum também no Piauí e Pará. O refrigerante tradicional, conhecido pela sua peculiar cor-de-rosa e que por muitos anos foi o mais vendido na Região Norte, encantou até a poderosa Coca-Cola. Jesus cedeu e foi comprado pela grande corporação. Agora, no Maranhão, o guaraná é o segundo mais consumido.

Os dois refrigerantes são engarrafados no mesmo local. E saem juntinhos para os supermercados. Outro detalhe: o Guaraná Jesus é vendido em mercearias, supermercados ou em qualquer outro estabelecimento pelo mesmo preço da Coca-Coca! A bebida é comercializada em 270 cidades do Maranhão, Piauí e Tocantins. É claro, entretanto, que empresários maranhenses ou pessoas que têm relação com o estado vendem o produto em alguns estabelecimentos em cidades como o Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo.

Simpatia Brasil afora

Mesmo com pouquíssima propaganda, a popularidade vai contra a lógica publicitária: até 1998 nenhuma propaganda do produto tinha sido veiculada em qualquer meio de comunicação. Em 2010, com o prêmio internacional de design pela campanha de renovação da embalagem da Jesus, o refrigerante foi destaque em veículos de comunicação nacionais e nas redes sociais.

Nos últimos anos, seu nome engraçado e sua cor fascinante ganharam simpatia Brasil afora. Há diversas páginas a seu respeito no Facebook. Vídeos no YouTube brincam com o refrigerante em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Curitiba e outras cidades espalhadas pelo país – o tipo de tratamento espontâneo e alegre que empresas gastam milhões para conseguir. “É uma marca com incrível aceitação de público e que recebe investimentos de marketing para fomentar cada vez mais a marca nas mesas dos consumidores”, afirma Paulo Sérgio.

“Antigamente só vendia aquela garrafa de vidro. Agora tem de todo o tipo. É bom porque dá para trazer para os amigos aqui em Fortaleza. Quem conhece e sabe que eu vou para o Maranhão pede logo para eu trazer. A galera gosta muito”, conta a cearense Raquel Carvalho, de 30 anos, filha de maranhense.

Jesus está presente na vida das pessoas de uma maneira muito intensa, seja entre o público jovem, adulto e idoso. Todos, de alguma forma, se identificam com a marca. O publicitário cearense Luís Fernando Portela, de 26 anos, adora o refrigerante. “Meus pais são maranhenses. Lá, as pessoas realmente amam Guaraná Jesus e sentem orgulho por ser um produto típico. Na minha família, durante as refeições não pode faltar Jesus na mesa. É claro que ainda se toma outros refrigerantes, mas acho que nenhum supera o Guaraná Jesus dentro do Maranhão”, conclui.

O sucesso certamente agradaria o criador da bebida Jesus Norberto Gomes que, quem diria, era ateu, foi excomungado pela Igreja Católica e morreu em 1963. Enquanto a distribuição de Jesus continua restrita a apenas três estados das Regiões Norte e Nordeste, o restante dos brasileiros fica à espera para matar a curiosidade e, quem sabe um dia, poder se deliciar com o tão comentado refrigerante cor-de-rosa do Maranhão.

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