Claudiney Ferreira: “Conforme PL, as farmácias são um estabelecimento
de saúde, por isso ele é tão importante” (Foto: Ass. CRF/MG)
*Jornalista
Felipe José de Jesus
O censo divulgado pelo Instituto de Pós Graduação para Farmacêuticos (IPGF), mostra que até 2017, cerca de 97 mil estabelecimentos serão inaugurados no país. Porém, enquanto o setor cresce, a mão de obra diminui, já que os farmacêuticos estão se debandando para os laboratórios e as clínicas das grandes indústrias. Para se ter uma ideia nem mesmo a obrigatoriedade do profissional nas farmácias, conforme o Projeto de Lei 4135/2012 tem chamado a atenção deles.
Em entrevista, o vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRFMG) e professor, Claudiney Ferreira, conta que existem 180 mil profissionais registrados no país, no entanto, ele lembra que o problema da falta de mão de obra acontece porque poucos proprietários de farmácias pagam o piso salarial. “Os proprietários das drogarias veem seus estabelecimentos apenas como um setor de vendas e não como um local ligado a área da saúde, por isso, eles tentam burlar a lei trabalhista oferecendo salários abaixo do piso”.
De acordo com o IPGF, cerca de 10% das drogarias não têm farmacêuticos. Por quê?
Todas as drogarias têm que ter farmacêutico em tempo integral e o projeto de lei vai reforçar isso. Hoje, as farmácias ocupam uma posição de estabelecimento de saúde, conforme Projeto de Lei nº 4385/94. Temos um número maior de escolas para suprir essa lacuna e colocar mais profissionais no mercado, porém, o que acontece é que na maioria das vezes, os donos desses estabelecimentos não são farmacêuticos e não vêem a farmácia como uma área da saúde, o que acaba fazendo com eles ofereçam um salário pífio para farmacêutico que consequentemente acaba recusando as ofertas. De um lado o jurídico reclama que não tem mão de obra, enquanto que do outro, o farmacêutico não fica satisfeito por receber um salário incompatível com carga horária de 44 horas semanais, que é de R$ 3.400. Muitos patrões burlam as leis e oferecem R$ 2 mil.
No Brasil, cerca de 180 mil profissionais são registrados, só que 30% não trabalham em farmácias. Por que isso acontece?
Porque não falta mercado. Atualmente, o campo tem 76 áreas de atuação. Após sair da faculdade, o estudante pode escolher, já que ele se forma como generalista, o que lhe garante poder atuar em indústrias de alimentos, medicamentos, cosméticos e laboratórios de análises clínicas. As indústrias remuneram melhor com certeza, mas as farmácias são as portas para o futuro, já que o farmacêutico acaba adquirindo muita experiência.
De acordo com o PL 4135/2012, ter um farmacêutico nas drogarias agora é obrigatório. Quais são os riscos para os estabelecimentos que não tem esse profissional?
Ter o farmacêutico é ter alguém para ajudar o cidadão no uso do remédio de uma forma racional. Sem esse profissional, a drogaria fica nas mãos dos donos e aí pode existir o interesse de empurrar medicamentos para esses consumidores como fazem os atendentes. Com o profissional tenho informação e segurança. Enquanto que sem ele, tudo é transformado apenas em venda, deixamos o paciente de lado. Porém, falta mais conhecimento sobre os farmacêuticos por parte da população e mais divulgação do trabalho deles.
Como está o ensino em Minas Gerais? Temos profissionais prontos para o mercado?
Nos últimos 10 anos o curso expandiu. Hoje já são 64 faculdades da área, quando me formei em 1999, eram apenas cinco. No entanto, o crescimento das instituições tem um lado preocupante, pois perdemos o controle da formação, da grade curricular, o que faz com esse profissional acabe saindo despreparado para o mercado. Converso com alguns farmacêuticos, principalmente no interior do estado e vejo o despreparo. Atualmente, eles podem prescrever receitas e muitos não sabiam disso e nem dos passos corretos no processo dessa prescrição.
As faculdades e universidades têm discutido e incentivado os alunos a irem trabalhar nas drogarias?
Existe uma conscientização da importância dele nas farmácias. Entretanto, tem que ser feito um trabalho em conjunto com o Ministério da Educação (MEC) e os professores para que seja possível ter mais controle dos profissionais que vão para o mercado. Mesmo porque uma profissionalização mais pesada ainda é o melhor caminho para que os alunos entendam a importância de cada atuação.
Quais têm sido as ações do CRFMG para ajudar o farmacêutico no mercado?
Estamos trabalhando com a valorização do profissional. Uma das ações do CRFMG foi à criação do programa Capacifar. Pegamos todas as defasagens dos profissionais que estão no mercado e oferecemos uma reciclagem. Fora isso, divulgamos a importância dele na sociedade e também no âmbito jurídico, seja público ou privado. Tem também a alta valorização e a lembrança de que ele precisa se autovalorizar para ter um prestígio maior na sociedade. O conselho está preocupado com esse profissional, pois ele vai lidar com a saúde da população.
ddClaudiney Ferreira: “Conforme PL, as farmácias são um estabelecimento
de saúde, por isso ele é tão importante”
(Foto: Ass. CRF/MG)
O censo divulgado pelo Instituto de Pós Graduação para Farmacêuticos (IPGF), mostra que até 2017, cerca de 97 mil estabelecimentos serão inaugurados no país. Porém, enquanto o setor cresce, a mão de obra diminui, já que os farmacêuticos estão se debandando para os laboratórios e as clínicas das grandes indústrias. Para se ter uma ideia nem mesmo a obrigatoriedade do profissional nas farmácias, conforme o Projeto de Lei 4135/2012 tem chamado a atenção deles.
Em entrevista ao Edição do Brasil, o vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRFMG) e professor, Claudiney Ferreira, conta que existem 180 mil profissionais registrados no país, no entanto, ele lembra que o problema da falta de mão de obra acontece porque poucos proprietários de farmácias pagam o piso salarial. “Os proprietários das drogarias veem seus estabelecimentos apenas como um setor de vendas e não como um local ligado a área da saúde, por isso, eles tentam burlar a lei trabalhista oferecendo salários abaixo do piso”.
De acordo com o IPGF, cerca de 10% das drogarias não têm farmacêuticos. Por quê?
Todas as drogarias têm que ter farmacêutico em tempo integral e o projeto de lei vai reforçar isso. Hoje, as farmácias ocupam uma posição de estabelecimento de saúde, conforme Projeto de Lei nº 4385/94. Temos um número maior de escolas para suprir essa lacuna e colocar mais profissionais no mercado, porém, o que acontece é que na maioria das vezes, os donos desses estabelecimentos não são farmacêuticos e não vêem a farmácia como uma área da saúde, o que acaba fazendo com eles ofereçam um salário pífio para farmacêutico que consequentemente acaba recusando as ofertas. De um lado o jurídico reclama que não tem mão de obra, enquanto que do outro, o farmacêutico não fica satisfeito por receber um salário incompatível com carga horária de 44 horas semanais, que é de R$ 3.400. Muitos patrões burlam as leis e oferecem R$ 2 mil.
No Brasil, cerca de 180 mil profissionais são registrados, só que 30% não trabalham em farmácias. Por que isso acontece?
Porque não falta mercado. Atualmente, o campo tem 76 áreas de atuação. Após sair da faculdade, o estudante pode escolher, já que ele se forma como generalista, o que lhe garante poder atuar em indústrias de alimentos, medicamentos, cosméticos e laboratórios de análises clínicas. As indústrias remuneram melhor com certeza, mas as farmácias são as portas para o futuro, já que o farmacêutico acaba adquirindo muita experiência.
De acordo com o PL 4135/2012, ter um farmacêutico nas drogarias agora é obrigatório. Quais são os riscos para os estabelecimentos que não tem esse profissional?
Ter o farmacêutico é ter alguém para ajudar o cidadão no uso do remédio de uma forma racional. Sem esse profissional, a drogaria fica nas mãos dos donos e aí pode existir o interesse de empurrar medicamentos para esses consumidores como fazem os atendentes. Com o profissional tenho informação e segurança. Enquanto que sem ele, tudo é transformado apenas em venda, deixamos o paciente de lado. Porém, falta mais conhecimento sobre os farmacêuticos por parte da população e mais divulgação do trabalho deles.
Como está o ensino em Minas Gerais? Temos profissionais prontos para o mercado?
Nos últimos 10 anos o curso expandiu. Hoje já são 64 faculdades da área, quando me formei em 1999, eram apenas cinco. No entanto, o crescimento das instituições tem um lado preocupante, pois perdemos o controle da formação, da grade curricular, o que faz com esse profissional acabe saindo despreparado para o mercado. Converso com alguns farmacêuticos, principalmente no interior do estado e vejo o despreparo. Atualmente, eles podem prescrever receitas e muitos não sabiam disso e nem dos passos corretos no processo dessa prescrição.
As faculdades e universidades têm discutido e incentivado os alunos a irem trabalhar nas drogarias?
Existe uma conscientização da importância dele nas farmácias. Entretanto, tem que ser feito um trabalho em conjunto com o Ministério da Educação (MEC) e os professores para que seja possível ter mais controle dos profissionais que vão para o mercado. Mesmo porque uma profissionalização mais pesada ainda é o melhor caminho para que os alunos entendam a importância de cada atuação.
Quais têm sido as ações do CRFMG para ajudar o farmacêutico no mercado?
Estamos trabalhando com a valorização do profissional. Uma das ações do CRFMG foi à criação do programa Capacifar. Pegamos todas as defasagens dos profissionais que estão no mercado e oferecemos uma reciclagem. Fora isso, divulgamos a importância dele na sociedade e também no âmbito jurídico, seja público ou privado. Tem também a alta valorização e a lembrança de que ele precisa se autovalorizar para ter um prestígio maior na sociedade. O conselho está preocupado com esse profissional, pois ele vai lidar com a saúde da população.
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