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Número de miseráveis aumenta e Bolsa Família não barra avanço

De acordo com o Ipea, situação atingiu cerca de 371 mil pessoas 

A taxa de desemprego dos mais pobres subiu de 25,5%, em 2012, para 30,4%, em 2013 (Foto: Divulgação)
*Da redação (JCE)

 

A ascensão das classes C e D no Brasil registradas de 2003 até 2013, fez com que muitas famílias saíssem da condição da extrema pobreza para a classe média, ancoradas principalmente pelos programas sociais como o Bolsa Família. No entanto, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada somente após a realização das eleições, mostra que o número de pessoas em condição de extrema pobreza no país subiu nos últimos 10 anos. Em 2012 eram 10,08 milhões e em 2013 o número já havia subido para 10,45 milhões (alta de 3,68% – 371 mil pessoas). Contudo, além do Ipea, o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) também verificou o aumento por meio de uma pesquisa a pedido do jornal O Globo.

A pesquisadora do Iets, Andrezza Rosalém, explica qual é a condição de miserável no Brasil e lembra que o índice vem aumentando. “Já havíamos calculado um aumento no número de miseráveis, de 6,1% para 6,2% em todo o país no último ano. Pode-se dizer miserável, aquele que tem renda de até R$ 123, um patamar bem diferente e acima daquele usado pelo governo federal, de R$ 70, em 2013”.

Segundo Andrezza, houve uma piora considerável no mercado de trabalho brasileiro e isso já vem pesando nas classes menos favorecidas.  “A taxa de desemprego dos mais pobres subiu de 25,5%, em 2012, para 30,4%, em 2013. Enquanto 43,8% dos trabalhadores no país são informais, entre os miseráveis essa é a regra, 96% vivem sem proteção social”, indica.

 

Peso e pobreza

Para o também pesquisador do Iets, Samuel Franco, outro fator que caiu como uma pedra nas mãos das classes menos favorecidas foi à inflação que vem diminuído o poder de compra. “Entre os miseráveis que trabalhavam, o salário caiu de R$ 129,7 para R$ 123,9. Nessa parcela, o orçamento das famílias era composto, sobretudo, por outras rendas como o Bolsa Família, mas nem isso aliviou”, revela.

Ainda de acordo com Franco, o rendimento nos domicílios caiu mesmo com a utilização do programa social. “Dividido pelos moradores era de R$ 58,5, em 2013, abaixo dos R$ 62,2, de 2012. O grupo dos 5% de brasileiros mais pobres viu sua renda encolher 11%”, comenta. Ao contrário do índice de miseráveis que tiveram aumento nos últimos 10 anos, dados do Ipea revelaram que o número de pessoas pobres diminuiu 5,4%, baixa de 30,35 milhões em 2012 para 28,69 milhões em 2013.

“A pobreza extrema não aumentou. Os dados revelam flutuações estatísticas dentro da margem de erro. São 1,6 milhão de pobres a menos. São considerados pobres os que têm o dobro da renda da linha de miséria. A extrema pobreza no Brasil teve queda de 57% desde 2003. Nos 2 últimos anos ela caiu 4,2%. Na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), teve uma estabilidade estatística. É 50% a mais do que as metas do milênio da Organização das Nações Unidas (ONU)”, declarou o ministro de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri.

 

Dados escondidos

O colunista do portal G1, Gerson Camarotti, noticiou em seu blog que o Ipea teria decidido segurar os dados sobre pobreza e desigualdade, baseados no Pnad, até o fim do período eleitoral. “O órgão alegou que a Lei Eleitoral proíbe a divulgação dos números até a definição de quem seria o presidente eleito”. Outras informações sobre a pesquisa divulgada podem ser consultadas pelo: http://www.ipeadata.gov.br.

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