Enquanto o campo rival patina na definição, ameaçando até a aliança entre eles – ou só passando a impressão –, o governador Fernando Pimentel (PT) poderá ter até cinco “candidatos” aliados a prefeito de Belo Horizonte no dia 5 de outubro. Sem poder contar, de peito aberto, com o próprio partido, para evitar que o desgaste dele, que é maior, seja seu também, o petista optou pela estratégia típica e histórica do maior partido de Minas Gerais, o Palácio da Liberdade (PL, sede do governo), que é exatamente incentivar várias candidaturas de aliados. Por isso, poucas vezes, o PL perdia.
A estratégia se baseia na tentativa de forçar a realização de um segundo turno. Chegando lá, a tática é unir todos em torno do finalista aliado. No campo do governador, orbitam, além do PT, os partidos PMDB, PCdoB, PV, PROS, PTdoB, PR e a Rede. No PT, há duas pré-candidaturas, Roberto Carvalho (ex-vice-prefeito) e Reginaldo Lopes (deputado federal); no PMDB, os deputados federais Leonardo Quintão e Rodrigo Pacheco; no PV, Mário Caixa; no PR, Marcelo Álvaro Antônio; no PTdoB, Luis Tibé, e na Rede, Paulo Lamac.
Ao contrário desse campo, o do senador tucano Aécio Neves e do prefeito Marcio Lacerda (PSB) a ideia é de ter uma só candidatura. A situação de Pimentel é um pouco parecida com a de Aécio. Seria bem-vinda a vitória, mas não é crucial para o futuro de ambos. O petista poderá disputar a reeleição se perder a eleição municipal, assim como o tucano com relação à disputa presidencial. Ao contrário deles, o futuro político de Lacerda, que pensa no Governo de Minas, depende da vitória no próximo dia 5 de outubro, razão pela qual ele disputa com o principal aliado a paternidade da candidatura.
A divisão entre Aécio e Lacerda, ainda não muito clara, repassa insegurança e riscos para todos os aliados. Caso não se entendam, como parece ser hoje, para onde irão os aliados comuns? O prefeito acha que o nome da hora é o do executivo Paulo Brant (presidente da Cenibra) pela desenvoltura e conteúdo; seu desafio será ficar conhecido em apenas 45 dias de campanha. Aécio está fechado com o tucano João Leite muito mais por conta da condução feita por Lacerda do que por convicção.
Para chegar a Brant, Lacerda o tirou do PSDB, onde poderia passar como candidato do senador tucano, mas o prefeito aposta numa radical desvinculação da política tradicional, além de querer ser o pai da criança. Cada um diz que tem candidato, mas ninguém fechou a porta para o entendimento.
Do jeito que a coisa caminha, está mais fácil Aécio aderir a Lacerda do que o contrário. Sendo assim, teremos esse campo rival ao PT, com um candidato único, contra os cinco ou seis de Pimentel. Campos opostos, com estratégias igualmente opostas. Certo também é que nenhum deles está focado nos destinos da capital mineira, mas nos efeitos de sua eleição para 2018.
Economia no segundo plano
Os deputados estaduais votam a reforma administrativa com uma pergunta na cabeça: a secretaria de Desenvolvimento Econômico será mesmo extinta, incorporada pela de Ciência e Tecnologia? Especialmente neste momento de crise econômica no qual seria ferramenta importante para reativar o crescimento? Curioso é que a Federação das Indústrias de Minas Gerais ainda não se manifestou.