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Afeganistão expulsa jornalista do “The New York Times”

*Agência Estado

 

O governo do Afeganistão deu um prazo de 24 horas para que o jornalista Matthew Rosenberg, do “The New York Times”, deixe o país. Conforme informou em comunicado o gabinete da Procuradoria-Geral, nesta quarta-feira, os afegãos ficaram insatisfeitos com uma reportagem que ele produziu sobre um grupo de autoridades locais que estariam dispostos a tomar o poder, em meio a uma polêmica sobre quem venceu as eleições presidenciais deste ano.

A Procuradoria-Geral chegou a pedir a Rosenberg que revelasse suas fontes, o que foi recusado. No comunicado, o órgão diz que a matéria ameaça a estabilidade e a segurança do Afeganistão, sugerindo em seguida que, como a reportagem foi desenvolvida com base em fontes não identificadas, ela pode ter sido fabricada. O documento informa ainda que o ministério de Relações Exteriores do país e agências de segurança foram notificadas da expulsão.

Matéria publicada nesta quarta-feira no site do “The New York Times” afirma que o jornal ficou “chocado” com a decisão afegã e que Rosenberg é um “jornalista fantástico, que escreveu uma reportagem muito precisa”. O texto, assinado pelo editor-executivo Dean Baquet, dizia também que “ele estava disposto a conversar com o governo afegão, mas, obviamente, não iria revelar suas fontes”. A missão da Organização das Nações Unidas (ONU) no Afeganistão também mostrou desapontamento com os atos de intimidação contra Rosenberg, disse o porta-voz da ONU Stephane Dujarric, em Nova York.

Por sua vez, o porta-voz da presidência do Afeganistão, Aimal Faizi, afirmou que a saída de Rosenberg é resultado de uma “clara fabricação” em sua reportagem, “com o objetivo de minar a estabilidade e a segurança do país”, lembrando que o governo já havia contestado trabalhos anteriores do jornalista.

O Afeganistão realizou eleições presidenciais no último dia 6 de abril, para eleger o sucessor de Hamid Karzai. Os dois principais candidatos foram o ex-ministro das Relações Exteriores
Abdullah Abdullah e o ex-ministro das Finanças Ashraf Ghani Ahmadzai. Abdullah recebeu a maioria dos votos no primeiro turno, mas não conseguiu o mesmo sucesso no segundo turno. Os resultados preliminares indicaram que Ahmadzai estava à frente no segundo turno, mas os dois alegaram fraude, com investigações que seguem até o momento.

A reportagem de Rosenberg diz que algumas autoridades ligadas às forças de segurança estavam considerando a possibilidade de tomar o poder. O jornal veiculou que figuras poderosas do governo estavam discutindo a formação de um governo interino, como uma forma de solucionar o impasse das eleições. Fonte: Associated Press.

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