Os nadadores Gunnar Bentz e Jack Conger da delegação norte-americana responsabilizaram Ryan Lochte pela invenção da história do assalto, em depoimento, no início da tarde desta quinta-feira, na Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), no Leblon, Zona Sul do Rio. Eles estão na delegacia para esclarecer a farsa sobre assalto relatado pelos companheiros de time Ryan Lochte e James Feigen. O caso aconteceu na noite do último domingo.
De acordo com a investigação da Polícia Civil, na verdade, eles se envolveram numa confusão num posto de gasolina. O fato de os nadadores americanos Gunnar Bentz e Jack Conger, que foram retirados de um voo da American Airlines para Atlanta, na noite desta quarta-feira, terem se negado a falar sobe o caso reforçou as suspeitas da polícia.
Durante esta madrugada, funcionários do posto procuraram a delegacia para dar uma nova versão. As testemunhas foram ouvidas e desmentiram a história contada por Lochte e Feigen. A polícia analisa também imagens de circuito interno do estabelecimento que mostra o momento em que os nadadores se desentendem com funcionários.
Em entrevista ao RJTV, Fernando Veloso, Chefe de Polícia Civil, afirmou que os atletas devem desculpas aos cariocas. “A única verdade que eles contaram é que eles estavam bêbados”, disse Veloso.
A Polícia Civil marcou para as 15h uma coletiva de imprensa para divulgar as informações.
Imagens de câmeras desmentem nadadores
Em vídeo obtido pelo G1, os nadadores aparecem saindo do banheiro, onde teriam feito as depredações e, em seguida, são impedidos de deixar o local pelos seguranças. As imagens ainda mostram um dos nadadores levantando as mãos enquanto os segurança os abordam.
Em depoimento à polícia, segundo o G1, os seguranças contaram que um taxista parou no posto com quatro homens no carro. Ele reconheceu o nadador Ryan Lochte como um dos atletas que estavam no veículo. A testemunha ainda relatou que foi chamada pelo gerente para conter uma confusão nos fundos do posto de gasolina. E quando chegou ao banheiro encontrou a saboneteira, a papeleira, a placa informativa e a porta danificadas.
Em seguida, os nadadores se dirigiram ao táxi, mas o taxista obedeceu a ordem do segurança para aguardar a chegada da polícia. Com a demora dos policiais, os nadadores ficaram agressivos e um segurança teria apontado a arma para impedir que eles deixassem o local. Teria sido feito, então, um acordo para que os nadadores pagassem pelo prejuízo.
Na ocasião, uma pessoa teria chegado ao posto e ajudado a comunicação entre os seguranças e os nadadores, em inglês. Os americanos teriam oferecido 20 dólares e 100 reais para pagar os danos do banheiro e foram embora. Até 7h, a PM não havia chegado ao posto.
A notícia de que os atletas tinham sido assaltados começou a circular no domingo. Em entrevista à rede de TV americana NBC, o medalhista Lochte disse que eles foram obrigados a deitar no chão por homens que mostraram “distintivos policiais”.
– O táxi foi parado por uns caras que mostraram distintivos policiais. Não havia carro de polícia com suas luzes, apenas esses distintivos. Eles sacaram as armas e falaram para sairmos do carro, para que nos deitássemos no chão. Os outros três obedeceram, mas eu me recusei. Disse que não havia feito nada errado, então não deitaria. Mas um deles puxou a arma, colocou na minha testa e disse “deita no chão”. Levantei as mãos e falei que tudo bem, que iria deitar. Ele pegou nosso dinheiro, levou minha carteira, mas deixou meu celular e documentos, minha credencial — relatou na época.
Mas, após o início das investigações, as contradições começaram a aparecer. Uma delas é quanto o horário de chada à Vila Olímpica. Nos depoimentos de Lochte e Feigen disseram ter saído de uma festa da Casa da França, na Gávea, às 4h. Imagens de câmeras de segurança, no entanto, mostram o grupo saindo do local às 5h50m. As câmeras da Vila dos Atletas mostram os quatro chegando ao local às 6h56m.
Outra imagem obtida pela polícia nesta quarta é de um posto de gasolina que fica próxima à entrada da Casa da França. As imagens ainda estão sendo analisadas. O objetivo da polícia é, pelas imagens, identificar o motorista do táxi ou a placa do veículo.
Por causa disso, o Polícia Civil pediu para que os passaportes dos nadadores que ainda se encontram no Brasil fossem apreendidos para que eles não saíssem do País até que a situação fosse esclarecida. Quando o pedido foi feito, Ryan Lochte já tinha voltado para os Estados Unidos.
Segundo o “G1”, assustados por não poderem voltar para casa, os nadadores Gunnar Bentz e Jack Conger só vão se pronunciar sobre o caso quando a confusão for desfeita.
“A delegacia diz que eles são testemunhas e o despacho do juiz diz outra coisa. Enquanto isso não for solucionado, eles não vão prestar depoimento”, afirmou o advogado Sérgio Riera, como mostrou o Bom Dia Rio.