A presidente Dilma Rousseff concedeu coletiva de imprensa na tarde desta quarta (16) no Palácio do Planalto, após anunciar a nomeação de Lula para a Casa Civil e outras mudanças ministeriais. Dilma ressaltou a relação “sólida” que tem com o ex-presidente, com quem “constrói um projeto junto há seis anos”. Ao ser questionada sobre as ações do novo ministro, ela afirmou que “Lula terá os poderes necessários para ajudar o Brasil”. “Tudo que ele puder fazer será feito”, disse.
Ela contou que a decisão sobre ele assumir o ministério estava tomada desde terça (15), mas o anúncio foi adiado por dúvidas do ex-presidente “ligadas ao confronto do que a oposição poderia fazer sobre suas ações”. Porém, afirmou que essas dúvidas foram integralmente superadas.
Sobre o foro privilegiado, Dilma disse que “prerrogativa de foro não é impedir a investigação” e que a única diferença de ser investigado na primeira ou na última instância é quem é a corte que manda investigar. “Então se há – e eu acho que temos que ter cuidado ao falar coisa dessas – , se há prerrogativa de foro não é impedir, é fazê-lo em determinada instância e não em outra. E a troco de que vou achar que investigação do Moro é melhor do que a do Supremo? Isso é inversão de hierarquia. O judiciário brasileiro tem estrutura, a lei é clara”, declarou.
“Não entendo porque, quando chega nesse caso [de Lula ter assumido o ministério], criam essa hipótese [foro privilegiado]. Essa hipótese é apenas uma sombrinha, uma proteção ao fato de que a vinda do Lula pro meu governo fortalece e tem gente que não quer”, completou.
A presidente respondeu questionamentos sobre o ministro Mercadante, citado na delação de Delcídio do Amaral, criticou a forma como as notícias foram veiculadas, segundo ela ouvindo apenas uma parte das gravações, e afirmou que não tem motivos para não manter sua confiança nele.
A respeito das possibilidades de mudanças na equipe e política econômica e do uso das reservas internacionais internamente, Dilma afirmou que se tratam de especulações e que o assunto “jamais” entraria em pauta “a não ser” para resolver problemas de flutuações externas. Ela garantiu ainda que não há a possibilidade de o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini deixarem o governo.
Ela encerrou a coletiva reafirmando o apoio a Lula e questionou os critérios de investigação do possível envolvimento do ex-presidente na Lava Jato. “Hoje os critérios de investigação são extremamente estranhos em relação ao Lula. Porque ele nega que tenha sítio eu triplex, não se recusa a dar explicações e acho estranho que seja levado coercitivamente ou que seja pedido a [prisão] preventiva sem que haja fato que caracterize”, disse.