Economia

Exportação de commodities tem queda e atinge mercado em MG

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Tonelada do minério de ferro caiu para US$ 80 afetando as ações de grandes empresas no Estado

Pedro Paulo (2)Pedro Moreira Pettersen: “A retração da economia chinesa fez as
exportações de Minas caírem bastante”
(Foto: Alessandro Carvalho)
 *Felipe José de Jesus (JCE)

 

O segundo semestre de 2014 já vem mostrando que o cenário econômico brasileiro vai precisar de medidas urgentes para sair do vermelho. De acordo com especialistas, as commodities são uma das apostas para manter a economia nos trilhos, porém, o fraco desempenho da economia internacional, principalmente na Europa e na China, tem afetado as exportações de alguns produtos. Exemplos não faltam como a carne de boi e porco, o algodão, o trigo, o açúcar, o café, etc, tiveram baixa e o Índice de Commodities Brasil (IC-BR) recuou pelo 5º mês para 1,34%, após baixa de 1,85% em julho. Em Minas Gerais, além do café, o minério também vem tendo uma queda por causa do mau momento econômico vivido pelo principal exportador: a China. A baixa tem repercutido nas ações de diversas empresas mineiras e poderá atrapalhar a tão esperada retomada da economia.

Em entrevista, o vice-presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Pedro Moreira Pettersen, fala sobre a influência do IC-BR para o mercado e lembra que a crise imobiliária da China tem afetado o Estado.

“O índice de commodities é um dado ponderado sobre o que o Brasil exporta, e o minério de ferro é de suma importância já que na pauta de exportação ele aumentou 50% desde 1978, além do café. No entanto, o minério apresentou uma queda de 40%. A retração da economia chinesa vem atrapalhando, pois, ela está com problemas no setor imobiliário e com isso diminuiu suas importações de aço. A retração internacional repercutiu nas ações mineiras e a Usiminas teve uma baixa de 42%, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) 32%, a Gerdau 30% e a Vale do Rio Doce (VRD) a maior exportadora, uma queda de 21%”, conta.

Segundo Pettersen, por causa dessa contração, o preço do minério está chegando ao patamar crítico recomendado pelas siderúrgicas e algumas delas não vão conseguir manter ao mesmo tempo preço e qualidade. “Atualmente o custo da tonelada está US$ 80, mas antes era US$ 135. O preço atual é considerado tão baixo que somente as siderúrgicas que tem uma logística integrada (transporte para levar o minério até o porto) conseguirão se sustentar. As empresas menores estão tendo problemas, pois precisam terceirizar e acabam fazendo cortes para tornar o preço competitivo. Apenas a Vale e a CSN tem esse suporte logístico”.

 

Grãos

O especialista revela ainda que como se não bastasse esse cenário ruim, o café tem sido deixado de lado. “Os importadores como a Alemanha compram por um preço baixo e o revendem por uma quantia altíssima. O produto precisa agregar mais valor, já que desde o século 19, temos o melhor café do mundo. A nossa exportação é 100% em grãos e os nossos principais compradores são os países europeus que não o valorizam”, diz.

Para ele, é preciso mudar a forma de oferta. “Mesmo sendo um produto de valor, ainda não conseguimos deixar de exportar em grãos para vender em pó. A indústria de embalagens brasileira não consegue lançar um recipiente concorrente. É preciso repensar essa situação e investir nas embalagens”, acredita.

Questionado sobre quais outras commodities podem ter influenciado nas baixas exportações em agosto, Pettersen afirma que a soja poderia ser a salvação da economia, mas não foi. “Ela é um ótimo produto, só que enfrenta um grande problema, pois o agronegócio só é eficiente da porteira para dentro. Nas propriedades rurais temos o uso de técnicas avançadas, contudo, na hora de fazer o transporte dos grãos até o porto desperdiçamos. Ao invés dela ser conduzida de trem ou navio, a soja é transportada por meio de caminhões, e a precariedade faz com que 30% dela seja jogada nas estradas. O que surpreende é que, mesmo assim, o preço dela é competitivo. As estradas ruins e os assaltos precisam ser olhados pelo governo”, adiciona.

 

Carga tributária e expectativas

Para Pettersen, além dos problemas nas estradas com a soja, o país enfrenta as altas cargas tributárias, resultando em menos consumo interno. “O primeiro impacto é a arrecadação tributária que temos e isso cai no Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS). Estamos observando uma queda do ICMS e, com isso, o esfriamento da economia interna e a estagnação da economia. A projeção do imposto está abaixo do esperado para 2014 com 5,83%. O governo apontava um crescimento de 7,5%. Fora isso, a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) – (royalties que são cobrados pela exploração de minério) – terão uma redução de 26%”, adverte.

De acordo com o especialista, existe a expectativa de melhorias mesmo com um Produto Interno Bruto (PIB) baixo. “De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a indústria extrativa cresceu 5,6% no primeiro semestre de 2014, isso em um PIB de 0,3%. A indústria de transformação cresceu – 3,2% e a construção -3,6%. Isso significa que no segundo semestre o desempenho poderá ser melhor ou afundar. O câmbio tem sido utilizado para combater a inflação, só que isso tira toda a competitividade dos nossos produtos. O Brasil depende muito das commodities e a nossa pauta de exportação está se reprimarizando, ou seja, a participação dos produtos manufaturados está caindo, por isso, é preciso investir”, conclui.

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