quase o valor de 1 hora em alguns locais
Feliciano Abreu: “Com a falta de lugar para estacionar, o cidadão
fica limitado já que não tem um transporte público de qualidade”
(Foto: Divulgação)
*Jornalista
Felipe José de Jesus ))
Com o avanço da frota de carros em Belo Horizonte, que passou de 706,4 mil veículos em 2001 para 1.377 milhão em 2014 conseguir estacionar o carro, principalmente no Centro, tem se tornado uma tarefa árdua e cara para os motoristas. De acordo com pesquisa do Mercado Mineiro realizada em agosto, o preço da fração de 15 minutos de estacionamento (privado) em BH subiu 6,2% de abril para agosto. O valor segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), é bem superior ao da inflação do ano, calculada até a segunda semana desse mesmo mês. O preço cobrado em 15 minutos custava R$ 2,58 e, agora, passou para quase R$ 3,50 em alguns pontos.
Para o diretor executivo do Mercado Mineiro e economista, Feliciano Abreu, o preço inflacionou na capital mineira devido à grande procura, o que faz com que os donos dos estacionamentos aproveitem o momento. “A ordem é pesquisar. No caso da fração de 15 minutos que é a mais procurada e utilizada pelos motoristas, a diferença de preço pode chegar a 600%. Poucas pessoas lembram o preço ou pesquisam. O que acontece é que a maioria dos cidadãos guarda o valor de 1 hora e não de 15 minutos, o que é um erro, pois ela é a mais utilizada nos dias de semana”, conta.
Uma sondagem feita pela reportagem, no Centro da cidade, em quatro estacionamentos, revelou que o menor preço encontrado para 15 minutos foi de R$ 2,00, enquanto que o maior foi R$7,00, o que justifica o posicionamento do diretor executivo do Mercado Mineiro. “Como há muita diferença de preço, é bom andar pelos quarteirões em busca de menores valores. Dependendo do tempo que a pessoa for gastar e de sua localização compensa pegar um táxi ou quem sabe ir de ônibus e voltar de táxi do que pagar estacionamento. Não dá para fazer isto sempre. A verdade é que o cidadão fica limitado já que não conta com a opção de um transporte público de qualidade em BH”, declara.
Ele diz ainda que a melhor aposta para quem precisa parar o carro no Centro, mesmo que por 15 minutos, é a fração mensal. “Segundo a nossa pesquisa, entre os estabelecimentos consultados, o preço da diária variou podendo ser encontrada entre R$ 15 até R$ 64,00. A boa notícia é que em alguns pontos, ela caiu 3,5%, passando de R$ 31,46 para R$30,36. Porém, o estacionamento mensal sai mais barato para o motorista, já que em vários lugares é possível pagar R$ 220, enquanto que o valor total com as diárias de R$ 30, por exemplo, o preço pago no fim do mês seria de R$ 660. Se parar quatro vezes ao dia 15 minutos por R$ 3,00, seu gasto ficará acima do que o custo mensal, basta calcular”, orienta.
Rotativo ou estacionamento?
Para o professor Frederico Gazel, a folha de rotativo pode sair mais em conta que o estacionamento privado. “Ele custa R$ 3,40 por 2 horas, ou seja, para a pessoa parar por 6 horas ele gasta três rotativos que dão R$ 10,20, multiplicados por 22 dias úteis, sai por R$ 224,40. Já com o gasto de estacionamento diário, o custo sai bem mais alto, quase três vezes mais. O único lado negativo do rotativo é que você não tem a liberdade de parar no lugar em que você deseja, isso sem contar o risco de roubo. Neste caso, o estacionamento privado é mais vantajoso, mas o ruim é que o motorista fica na mão dos donos, já que eles cobram o valor que querem. Um absurdo”, indigna-se.
É possível encontrar o mesmo valor cobrado por 15 minutos em frações de 1 hora, nos bairros Calafate e Prado. De acordo com um proprietário do Prado, que não quis se identificar, isso é comum, mas não atrapalha o lucro. “Cobramos por 1 hora, R$ 8, mas sei que em alguns pontos, em 15 minutos, o motorista pode pagar o mesmo preço. De qualquer forma, a lucratividade é boa. Faço a alteração de valor me baseando com os outros preços, não sigo uma tabela, pois acredito que não exista uma. Estaciona quem quer”, afirma.
BHTrans
Procurada pela reportagem, a assessoria da BHTrans, Empresa de Transportes e Trânsito em Belo Horizonte, informou que os estacionamentos privados da cidade podem aumentar os preços da forma que desejarem, pois não existe uma tabela tarifária. Segundo a entidade, elas são iniciativas privadas, por isso cobram o valor mais interessante a seu negócio.