Não é um disco para atrair novos fãs, mas sim para alegrar os antigos
seguidores; 13º álbum de estúdio traz influências
de trabalhos de 1980 / 1990 e muito otimismo
O Paralamas está mais vivo do que nunca e
pronto para voltar aos palcos do Brasil
(Foto: Divulgação Paralamas)
*Coluna
*Jornalista
*Felipe José de Jesus
*?Avaliação do álbum: Três estrelas
*?Avaliação máxima: Cinco estrelas
A minha primeira experiência com os “Paralamas do Sucesso” aconteceu com o disco “Arquivo de 1990” que trazia os clássicos do grupo, como Lanterna dos Afogados, Romance Ideal, Óculos e outras canções que marcaram uma geração. Dali para frente os Paralamas se tornaram não somente para mim, mas para muitas pessoas um dos grupos mais influentes do Pop Rock e reinaram durante uns cinco anos nas premiações da MTV com seus clipes e hits. Com “Sinais do Sim” (2017), 13º álbum de estúdio, eles voltam aos palcos após oito anos sem lançar músicas inéditas, mas sem muita força, já que agora o grupo precisou entrar na onda digital para divulgar o álbum em meio ao modismo brasileiro do sertanejo e o funk que está bombando nas rádios e na web. Mesmo sendo um novo tempo, pelo menos algo não mudou no trio formado por Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone, suas origens musicais. “Sinais do Sim” mostra isso claramente nas 11 novas faixas com destaque para as canções: Sinais do Sim, Medo Do Medo, Teu Olhar, Olha A Gente Aí / Citação do poema: Ó Sino Da Minha Aldeia e Não Posso Mais (música que o trio ganhou de Nando Reis) que para mim são as melhores faixas do disco.
Outra nova fase do grupo pode ser vista na capa do disco que não surpreende muito, mas deixa um leve sinal de leveza e otimismo nas cores e na imagem da obra “Já Fui Jarro”, do artista plástico carioca Barrão. Sinais do Sim não é aquele tipo de disco que atrairá novos fãs para o grupo em minha opinião, até porque, Herbert Vianna (vocalista e guitarrista) já não tem mais a mesma voz dos anos de 1990, como no disco Nove Luas (1996), ou Hey Na Na (1998). O novo disco vem para mostrar para os antigos fãs, que o Paralamas está mais vivo do que nunca e pronto para voltar aos palcos do Brasil, nada além disso, por isso não espere muito deste novo trabalho.
Referências claras ))
O velho trompete que acompanha o grupo desde os anos de 1980 com os álbuns Passo do Lui (1984) e Cinema Mudo (1983) aparece nas músicas do novo disco, como também as letras que se preocupam em passar as pessoas um aviso, como na música Medo do Medo: “Ouve o que eu te digo, Vou te contar um segredo, É muito lucrativo, Que o mundo tenha medo, Medo da gripe, São mais uns medicamentos, Vêm outros vírus, Reforçar os dividendos, Medo que seja tarde, Medo que seja cedo, Medo de assustar, Se você me apontar o dedo, Medo de cães e de insetos, Medo da multidão, Medo do chão e do teto, Eles têm medo, De que não tenhamos medo, Eles têm medo, De que não tenhamos medo”.
Essa letra, por exemplo, tem algo do aclamado álbum “Vamo Batê Lata” (1995) na música “Luís Inácio (300 Picaretas)”, que foi lançada nas rádios em um período não muito político, mas que já deixava claro a sede do povo brasileiro por mudanças rápidas. Como já afirmado por alguns críticos, Sinais do Sim (2017) é um retorno do grupo e um presente para os fãs que estavam doidos para ouvir músicas novas do grupo. Como outros grupos do Pop Rock, seguidos por Biquíni Cavadão que lançou um novo trabalho recentemente, Camisa de Vênus e o noventista Jota Quest que gravou o seu primeiro Acústico, o Paralamas do Sucesso deixa claro que está vivo e pronto para voltar aos palcos. Dou “três estrelas” para o novo disco porque o Paralamas sempre se preocupou em trazer nomes fortes para participarem de seus trabalhos, como Marisa Monte; Zé Ramalho e outros nomes da música nacional. Nesse novo trabalho existem parcerias nas letras, não nos vocais.
Vale à pena escutar o novo disco e como eu fiz tirar as suas próprias conclusões. Vida longa ao Paralamas do Sucesso. Se você já escutou, me diga o que achou? Até a próxima coluna Crítica Musical.
Assista ao vídeo clipe de Sinais do Sim: