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Mariana Aydar lança o disco ‘Pedaço duma asa’ em Belo Horizonte

3 Min leitura

Mariana Aydar - Por Simone Elias

Trabalho em parceria com o artista plástico Nuno Ramos será apresentado ao público mineiro com show no Teatro Bradesco no dia 1º de outubro

Revelação da música brasileira, a cantora e compositora Mariana Aydar lança o disco Pedaço Duma Asa, fruto de uma parceria com Nuno Ramos, em um belo show, com única apresentação na capital mineira. Ela subirá ao palco do Teatro Bradesco (Rua da Bahia, 2244, Lourdes) na quinta-feira, 1º de outubro, às 20h30.

Pedaço duma asa, por Marcio Debellian

De modo sumário, Pedaço duma asa pode ser descrito como o disco em que Mariana Aydar dá voz às canções de Nuno Ramos. Na prática, é muito além. Trata-se de um disco que alcança rara densidade poética, destes que surgem apenas de tempos em tempos, depois da artista percorrer caminhos não-convencionais e burilar sentimentos à exaustão até finalmente apresentar o resultado ao público.

O percurso de Nuno como compositor, por si só, também é digno de nota. Antes de começar a compor,Nuno já apresentava diálogos com a canção em seus trabalhos de artista plástico, como na instalação Choro Negro, uma alusão à composição de Paulinho da Viola, a quem, diga-se de passagem,  dedicou um dos mais belos ensaios já escritos sobre a obra de um compositor popular.

O Nuno compositor, tal como o termo costuma ser usado, aparece primeiro em discos de Romulo Fróes, que foi seu assistente por 16 anos.  Nuno, Romulo e Clima – artista plástico e coautor de metade das canções de Pedaço duma Asa – passaram a compor juntos, o ateliê ganhou ares de barracão e dali surgiram sambas tortos, tradicionais, melancólicos, divertidos. Sambas de amigos.

Mariana estava atenta ao movimento no barracão. Já havia sido arrebatada pelo samba Atrás dessa amizade, composição solitária de Nuno que habitava o disco de Romulo. O primeiro encontro entreMariana e Nuno foi em 2007 e não tardou para tornarem-se parceiros também. Ela passou a gravá-lo em seus discos e emprestou sua voz à sonorização de Bandeira Branca, instalação de Nuno exposta na Bienal de 2010.

Acredito que, silenciosamente, este Pedaço duma Asa vinha se formando desde aí. Em 2013, quando convidei Mariana para participar do projeto Palavras Cruzadas e perguntei com quem gostaria de criar um espetáculo inédito, ela foi rápida e direta: Nuno Ramos.

Combinamos os espetáculos para agosto de 2014, com a gravação do disco logo em seguida. Nos primeiros ensaios, Mariana já mostrava grande propriedade do repertório, íntima daquelas palavras.  A sintonia se estendia a Duani, produtor do disco, que se lançou obstinado a encontrar uma sonoridade original para aqueles sambas, combinando percussão, guitarra, baixo e efeitos eletrônicos. Incansável, a cada momento propunha uma nova ideia a ser testada. Numa dessas, disse com a voz mansa: Kavita (apelido de Mariana), meu amor, você vai tocar baixo.

O espetáculo estreou no Rio de Janeiro e lá estava Mariana, logo na primeira música empunhando o baixo e cantando: Mamãe, Papai, dá licença de eu tentar, eu cantar, mal não faz. Aqui, como no Paulinho da Violaesmiuçado por Nuno, o eu-lírico é filho. Mariana conta que sente as canções impregnadas da experiência da maternidade. Nuno diz que muitas delas foram compostas a partir do impacto da perda de sua mãe. As canções se movem nestas beiradas entre algo prestes a nascer ou morrer.

Para cada palco, Nuno criou uma instalação diferente para as canções acontecerem. No Rio, estátuas vivas – um saci e um soldado de chumbo – se equilibravam em cima de instrumentos de percussão e, imóveis, misturavam-se aos músicos em cena. Em São Paulo, o cenário era formado por um jardim com 365 girassóis e duas toneladas de terra.  A pedido de Nuno, Mariana entrava no palco andando sobre latas até adentrar o jardim.

O disco Pedaço de uma Asa nasce depois desta trajetória que amplia o que se entende por parceria e composição. Não se trata aqui do tradicional caso de uma cantora que grava um disco homenageando um compositor, mas sim de dois artistas que se ofereceram o lugar do teste, colocaram em diálogo canção e instalação, e pactuaram alcançar toda a potência poética do repertório que criaram.

Certa vez, numa entrevista, Nuno classificou canção brasileira como “uma espécie de utopia realizada”.  Aqui está.

(*) Marcio Debellian é diretor do projeto Palavras Cruzadas e do documentário (O vento lá fora).  Reúne seus trabalhos em www.marciodebellian.com

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