Mercado projeta avanço de 21%, mas questão
tributária ainda atrapalha investidores
Minas Gerais é o 2° maior Estado em volume de produção
(Foto:Divulgação)
*Felipe José de Jesus (JCE)
Recentemente Minas Gerais recebeu o prêmio de melhor cerveja artesanal do mundo, eleita pela ‘World Beer Cup’- (Copa do Mundo das Cervejas) – realizada nos Estados Unidos. Com isso, a cerveja vem ganhando adeptos e o setor pode gerar lucro de até R$ 3 milhões por ano. O mercado que cresce 21% ao ano, vem sendo impulsionado por pubs e franquias. Para se ter ideia, no Estado existem quase 30 empresas registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Em entrevista, o superintendente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (SindBebidas-MG), Cristiano Lamego, fala que Minas Gerais é o 2º maior Estado em volume de produção e número de microcervejarias. “O mercado está em franca expansão devido ao aumento de renda da população. Minas é chamada de “Bélgica brasileira”.
Segundo ele, outra característica marcante na produção de cerveja na Grande BH é extensa diversidade na oferta de estilos de cerveja. “O grande potencial do turismo aliado a produção de cerveja na capital tem causado excelentes resultados. Recebemos turistas ávidos para conhecer nossas cervejas por causa dos futuros eventos esportivos, por isso, as empresas têm investido bastante no setor”.
De acordo com Lamego, estão sendo desenvolvidos estudos para aprimorar a cerveja em Minas Gerais, na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) para atrair cada vez mais apreciadores ao Estado. “Na universidade é feita a seleção de leveduras de fermentação de cachaça para a produção de cervejas com características peculiares regionais. Aliado a isto, Belo Horizonte e região tem sido destaque pela crescente oferta de bares e restaurantes especializados em cervejas artesanais. Isso tem contribuido com a difusão da cultura cervejeira e consequentemente no aumento do mercado”. explica.
Cervejeiros
A cervejaria mineira Wäls, foi premiada na Copa do Mundo das Cervejas neste ano e, além disso, abriu uma fábrica nos Estados Unidos. Pela relevância no mercado, ela tem sido influência para novos cervejeiros. O publicitário Marcelo Rezende já pretende colocar o seu lote de cerveja caseira em produção comercial até o fim do ano. “Sou cervejeiro de fundo de quintal desde janeiro. Investi quase R$ 3 mil na compra de equipamentos e insumos. Minha expectativa de vendas chega a 10% e quando profissionalizar em escala industrial espero vender mais. Já estou com mais dois sócios focados no marketing”.
Já para o sócio da Lamas Brew Shop, Alexandre Morais, o setor é interessante e lucrativo. “Eu e meus sócios temos 9 mil consumidores ativos e três lojas físicas, uma em São Paulo, outra em Campinas e uma em Belo Horizonte. Fora isso, vendemos pela internet. No ano passado, foram R$ 3,2 milhões de faturamento e a projeção para este ano é de R$ 4,6 milhões. Trabalhamos também com atendimento a cervejeiros caseiros com confecção de panelas e fermentadores, tudo sob encomenda”, diz.
Para aqueles que querem produzir em escala industrial, Lamego esclarece que os investimentos são maiores. “Neste caso, o gasto é de cerca de R$ 300 mil por causa dos equipamentos e existe um regulamento. A principais preocupações que a pessoa deve ter são: agregar valor ao produto e focar o negócio em um determinado perfil de consumidor”.
Realidade
A cerveja artesanal mesmo com toda pompa, tem uma baixa participação de apenas 0,2% no mercado nacional de bebidas. O superintendente do SindBebidas-MG, comenta que a carga tributária atrapalha o cenário que poderia ser bem melhor. “A gente domina 0,2% do mercado nacional de bebidas, já nos Estados unidos isso chega a 10%”.
Para ele, a questão tributária é o maior gargalo do setor. Os cervejeiros menores pagam impostos, proporcionalmente, mais altos do que os grandes grupos. Isso porque os tributos são calculados a partir do preço de venda ao consumidor. Isso faz com que a competitividade diminua e o produtor de cerveja artesanal acaba não podendo entrar no Simples Nacional (SN). Os impostos estaduais tiveram uma queda do Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços (ICMS), porém no caso dos federais isso ainda não aconteceu”.