BC já havia dito que swaps seguiriam em 2015, sem dar prazo e volumes.
Órgão informou que intervenções seguem com US$ 100 milhões/dia
Alexandre Tombini, presidente do BC
(Foto: Taís Laporta/G1)
*Alexandro MartelloDo G1, em Brasília
O Banco Central anunciou oficialmente nesta terça-feira (30) que vai estender pelo menos até o fim de março seu programa de leilões diários de “swaps cambiais” – instrumentos que funcionam como venda de moeda no mercado futuro. Sem a prorrogação, o programa terminaria no fim deste ano.
A continuidade do programa diário de venda de contratos de swap cambiais já tinha sido confirmada anteriormente pelo presidente da autoriade monetária, Alexandre Tombini, em meados deste mês. Entretanto, ainda não tinha sido anunciado o novo prazo e nem o volume da oferta – que tem sido apelidada de “ração diária”.
Os contratos de “swaps cambiais” – instrumentos que funcionam como venda de dólares no mercado futuro (derivativos), o que também impede uma pressão maior no mercado à vista da moeda norte-americana – vêm sendo ofertados diariamente pela autoridade monetária desde agosto de 2013, momento no qual o dólar atingiu R$ 2,40.
Volume recua de novo
A autoridade monetária informou nesta terça-feira que a nova fase do programa cambial, que valerá entre janeiro e pelo menos até março de 2015, contemplará leilões de “swap cambial” de segunda a sexta-feira, quando serão ofertados US$ 100 milhões por dia. Em 2014, os leilões diários são de US$ 200 milhões por dia. Entre agosto e dezembro de 2013, por sua vez, a oferta diária de swaps – que acontecia de segunda a quinta-feiras – era de US$ 500 milhões.
O Banco Central informou ainda que os leilões de venda de dólares, com compromisso de recompra, (não impactando, portanto, as reservas interancionais brasileiras) serão realizados “em função das condições de liquidez do mercado de câmbio”. Acrescentou ainda que, “sempre que julgar necessário, o Banco Central do Brasil poderá realizar operações adicionais de venda de dólares através dos instrumentos ao seu alcance”.
Estoque de cerca de US$ 100 bilhões em mercado
Com o anúncio do Banco Central, o atual estoque de contratos de “swap cambial” em mercado, que equivale a cerca de US$ 100 bilhões, deve continuar a subir, mas o aumento tende a ser menor.
Isso porque a oferta de US$ 200 milhões (acima da rolagem) por dia – que acontece desde o início de 2014 – será reduzida, pois o volume diário a ser ofertado será de US$ 100 milhões pelo BC. A oferta de US$ 100 milhões por dia representa um acréscimo de cerca de US$ 6 bilhões em contratos de “swap” em mercado ao estoque existente.
O presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, observou, neste mês, que o volume de atual de contratos de “swap” em mercado – de cerca de US$ 100 bilhões – são menos de 30% das reservas internacionais, acima de US$ 370 bilhões.
“Essa situação não enseja qualquer necessidade no curto e médio prazo de reversão destas posições. O estoque já atende de forma significativa pela demanda e vem sendo administrado em operações que são renovadas. [As operações] devem continuar a ser renovadas no futuro, observadas condições de demanda”, afirmou ele durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado em meados de dezembro.
Ração diária
O programa do BC se assemelha do processo anunciado pela autoridade monetária em 2001 e 2002. Na ocasião, o diretor de Política Monetária da instituição, Luiz Fernando Figueiredo, informou que o BC iria atuar diariamente no mercado de câmbio, com vendas de recursos no mercado à vista.
O processo ficou conhecido, naquele momento, por “ração diária” – apelido que foi repassado para o programa de swaps que acontece desde agosto de 2013.
Há mais de dez anos, entretanto, o processo de venda de dólares diminuía as reservas cambiais – o que não acontece atualmente – pois os contratos de swap cambiais não afetam o patamar das reservas cambiais, atualmente acima de US$ 370 bilhões.
Como funcionam os swaps cambiais
Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.
É uma forma de a instituição garantir a oferta da moeda norte-americana no mercado, mesmo que para o futuro, e controlar a alta da cotação. Assim, o BC acalma a procura por dólares sem mexer nas reservas internacionais.
O investidor, preocupado com a tendência de alta, tem interesse em comprar dólares. Quando aceita a operação, fica estimulado a querer a queda ou a manutenção do dólar, para que não tenha que pagar ao banco mais do que receberá em juros. Essa taxa, normalmente, acompanha a Selic, que é a taxa básica da economia brasileira e hoje está em 11,75% ao ano. Se o dólar tiver variação acima disso, por exemplo, quem perde é o investidor.