IPATINGA – O destino da Usiminas terá mais uma rodada de expectativas na próxima quinta-feira. Da primeira reunião do novo conselho de administração, eleito no dia 28 de abril, podem sair novos rumos para a gestão. Nada é certo, mas, de acordo com analistas de mercado, há fortes possibilidades de mudanças na política da direção ou até mesmo nos dirigentes.
Pelo acordo de acionistas, os sócios majoritários podem indicar um novo diretor-presidente, desde que haja consenso. Desde setembro de 2014, quando a ala japonesa da Nippon Steel destituiu o presidente da ala ítalo-argentina da Ternium/ Techint (Julián Eguren) e o substituiu por Rômel Erwin de Souza, os dois grupos não se entendem. Mas, nos últimos dias, eles têm encontrado pontos em comum, que podem indicar um começo de consenso.
Ambos entraram com pedidos de liminares contra a participação da CSN no conselho de administração, aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Além disso, a Nippon concordou com o nome de Elias Brito, indicado pelos argentinos para presidir o conselho da companhia.
TROCA DE COMANDO
Segundo fonte do setor siderúrgico, a troca de comando não é algo dado como certo, mas, se depender da vontade do mercado, ela acontecerá. “Com a Usiminas em crise, no seu sétimo trimestre de prejuízo, o mercado espera uma mudança”, destaca. Ainda segundo a fonte, ao comparar os resultados com concorrentes como a Gerdau, que conseguiu recuperar seu fluxo de caixa, a administração acaba sendo questionada. “O mercado é o mesmo, a crise é a mesma, mas a Gerdau conseguiu melhorar e está com um Ebtida positivo em R$ 1,38 bilhão, enquanto a Usiminas está com resultado negativo em R$ 26 milhões, nos últimos 12 meses até março”, afirma.
Nos últimos 12 meses até abril, enquanto a ação ordinária da Usiminas caiu mais da metade, de R$ 5,10 para R$ 2,50, as ações das concorrentes tiveram desempenho melhor. A da Gerdau caiu cerca de 17% e a da CSN quase dobrou.
Se o consenso permanecer entre Ternium e Nippon, os sócios poderão indicar um novo comandante para tocar o barco nesse momento turbulento. Quando o argentino Eguren foi destituído, o sucessor Rômel Souza era um vice-presidente. Se a lógica se repetir, estariam no páreo Ronald Seckelmann, da área de finanças e relações com investidores; Nobuhiko Takamatsu, do planejamento corporativo; Sérgio Leite, da área comercial; e Túlio Chipoletti, da área industrial.
DIVÓRCIO AINDA É CONSIDERADO
A Usiminas aprovou há um mês um plano de capitalização de R$ 1 bilhão para socorrer a empresa, que teve prejuízo de R$ 151 milhões no primeiro trimestre. A Nippon garantiu que, se for preciso, injetará tudo sozinha. A ítalo-argentina Ternium/Techint ainda não se manifestou, no entanto, concordou com o plano. Outra solução ventilada seria o divórcio, no qual a Nippon ficaria com a planta de Cubatão e aTernium com a de Ipatinga. Esse assunto não será discutido na reunião do dia 12, mas ainda não foi descartado.
Fonte: O Tempo