Opinião

Cigarro eletrônico é cada vez mais utilizado pela falta de fiscalização

3 Min leitura
Para especialistas, o tabaco digital é uma manobra
da indústria para não perder vendas
cigarro-eletronico-Thinkstock

 

*Felipe José de Jesus (JCE)

Um recente estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que no Brasil existem cerca de 25 milhões de fumantes. No entanto, este número pode crescer ainda mais de acordo com o órgão, já que um novo grupo está surgindo: os fumantes de cigarros eletrônicos. A moda tem atraído jovens e pessoas que desejam deixar o vício do tabaco, uma vez que ao invés de queimar o fumo e soltar fumaça, o cigarro digital vaporiza um líquido que contém nicotina com essências que imitam sabores de frutas, como chocolate, morango e café.

Entretanto, o fumo que custa entre R$ 60 e R$ 300 na internet, tem sido o centro de grandes debates da saúde pública. Para a presidente da Comissão de Controle do Tabagismo, Alcoolismo e Uso de Outras Drogas (Contad/MG), e pneumologista Maria das Graças Rodrigues, falta fiscalização. “Ele é proibido pela a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, mas falta um controle mais pesado como ocorre inclusive com os cigarros contrabandeados no Brasil”, alerta.

Quais são os riscos do uso do cigarro eletrônico, já que ele vaporiza um liquido que contêm nicotina, justamente a substância que vicia?

No cigarro eletrônico, a fumaça inalada pelo fumante é a nicotina aquecida e não as muitas substâncias tóxicas resultantes da queima (combustão) do tabaco presentes nos cigarros comuns. Além da nicotina, há algumas outras substâncias tóxicas no cigarro eletrônico que ainda não são totalmente conhecidas. Parece haver menor risco de causar várias doenças, mas tem-se que levar em conta que a nicotina além de ser a responsável pela dependência pode causar doenças cardiovasculares.

De acordo com ex-fumantes, o cigarro eletrônico parece acabar com a falta de ar e dores na garganta. Isso pode ser verdade?

Os fumantes que sentem falta de ar provavelmente já são portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar ou bronquite crônica). Em consequência do uso dos cigarros comuns, os sintomas tendem a piorar e essas doenças infelizmente ainda não têm cura.

 

Em sua opinião, as essências que imitam sabores são o atrativo para que as pessoas troquem o tabaco tradicional pelo eletrônico?

Acredito que sim, porque as substâncias que dão sabor e aroma (os aditivos) são colocadas propositalmente para atrair crianças e jovens a experimentarem os produtos do tabaco e se tornarem dependentes da nicotina. Os cigarros mentolados são os mais usados pelos adolescentes e tem também a função de diminuir o mal estar causado pelas primeiras tragadas.

 

Falta um estudo mais concreto sobre o efeito do vapor com nicotina emitido pelo cigarro eletrônico?

A indústria do tabaco vem promovendo agressivamente a publicidade desses cigarros eletrônicos. Atualmente existem mais de 250 marcas com a alegação de que têm benefícios para a saúde comparados aos cigarros comuns. Segundo o Dr. Stanton Glantz, PhD e professor de Medicina e diretor do Centro para a Pesquisa de Controle do Tabaco e Educação da Universidade de São Francisco (EUA), há o risco de uma nova rota da dependência para os adolescentes. O uso dos cigarros eletrônicos tem potencial para manter a prevalência do tabagismo na sociedade.

 

A Anvisa proibiu a venda deste cigarro em 2009. Falta fiscalização? 

Em minha opinião, falta uma vistoria maior sobre este problema como ocorre inclusive com os cigarros contrabandeados no Brasil. A dificuldade é que os eletrônicos são vendidos livremente na internet.

 

O cigarro eletrônico pode ser uma manobra das grandes empresas, já que os tradicionais estão em declínio?

Falam de um cigarro mais seguro, só que não há nenhuma forma segura de fumar. A meu ver, os fumos eletrônicos fazem parte de uma estratégia da indústria para não perder o seu mercado e os seus usuários, exatamente em resposta ao declínio da prevalência de fumantes que vem ocorrendo em vários países do mundo e no Brasil.

 

Você acredita que os cigarros eletrônicos podem alcançar os não fumantes por não ter uma regulação clara? 

Sim, principalmente os adolescentes. Cerca de 90% dos fumantes ficam dependentes da nicotina entre 10 e 19 anos. A cada dois adolescentes que experimentam o fumo, um se torna dependente da nicotina. Isto se deve ao fato de que se trata de uma droga extremamente pesada, que atinge o cérebro ainda em desenvolvimento, não só do ponto de vista anatômico como também psicológico.

Quais têm sido as ações desempenhadas pelo Contad/MG para alertar a sociedade sobre esse mal? 

A Contad/MG tem como principal objetivo capacitar médicos que são formadores de opinião na sociedade. Eles têm o dever de esclarecer a população sobre todos os aspectos do uso de drogas. Além disso, a comissão realiza atividades educativas, principalmente através de eventos e inserções na mídia por ocasião de datas pontuais como o Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio) e Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto).

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